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 Faz uma semana que não falamos. Hoje sinto muito a tua falta mas não fui capaz de te ligar. Já não consigo chorar sabias? Só dói. Acho que já me habituei ao quanto dói. Eu sei que ainda me vês de longe e sei que não é verdade ... sei que eu só quero acreditar que não signifiquei nada para ti, pode ser que seja mais fácil.  Disseste que eu te ia esquecer fácil mas de fácil e rápido não está a ser nada.  Sei que me vês a sorrir, a sair, sei que me vês com o meu melhor vestido e maquilhagem, sei que me vês rodeada de pessoas mas não sabes o quanto finjo, o quanto não me estou a divertir, o quanto não é verdade porque, meu amor, faltas tu!  No fundo do meu peito dorido, ainda mora esperança, a esperança de ti. Ainda mora em mim mais uma oportunidade mas não posso. Falta-me amor, amor a mim. Amar-te passou a ser uma ameaça a esse amor, passou a ser perigoso dizer-te como me sinto e que ainda estou aqui. Cá estamos nós, meu amor, neste jogo ridículo do gato e do rato em que nenhum dos dois

 Hoje foi a primeira madrugada que cheguei a casa e não desmoronei a chorar. A primeira madrugada em semanas que não me afundo nas minhas lágrimas. A primeira madrugada que tenho coragem de me sentar na nova poltrona, que a minha Mãe pós na cozinha, para poder escrever o que sinto porque essa sim, essa é a minha forma de me expressar. Espero que olhes para mim e saibas que nunca te pedi nada, nunca te procurei, no fundo nunca te quis, aliás quando te conheci, apesar de chamares a minha atenção, exclui-te de qualquer hipótese de me envolver com alguém. Sabe também que quando me encontraste eu estava num caminho muito longo, não doloroso, não impossível, mas complicado de percorrer: o caminho que tens que andar para aprenderes a gostar de ti, da tua companhia, o caminho que tens que percorrer para aprender a andar sozinha, ir jantar fora sozinha, ir ao cinema sozinha, ir á praia sozinha, só tu e tu.  Perdi-me desse caminho, é a verdade. Eu tive uma vida antes de ti, todos temos, não é ve

Há conversas difíceis de se ter e ultimamente temos conversado muito mas temos concluído pouco. Eu sei que tu não gostas destas conversas vindas do nada, de incertezas vindas do nada, eu sei que tu preferes não falar na ferida, que para ti está sempre tudo bem mesmo quando não está, eu entendo-te... Só que eu preciso falar, preciso de te mostrar, preciso que entendas que, como já te disse, és a minha última bala, és a última que eu aguento e o que eu não tinha entendido é que faltava a minha melhor forma de me expressar como também a melhor forma de entenderes tudo o que te tenho vindo a dizer, que é esta.  Ninguém quer um amor pela metade, especialmente eu, eu não te quero pela metade.  Eu sei, eu sei o que me vais dizer, «tu não me tens pela metade, eu gosto de ti» ... devemos sempre aceitar a nossa metade por inteiro, com o pacote todo, desde as melhores qualidades dessa pessoas aos seus piores defeitos e arestas mas ambos entendemos que isso não é fácil. Não é fácil aprendermo

MARIA EDUARDA Provavelmente este será dos poucos textos, senão o único, que irei escrever sobre esta pessoa. Eu não falo muito sobre ela, se falasse ninguém iria perceber o estrago que ela fez em mim. Os amigos também ferem. Ela era a minha melhor amiga, eu amava-a como se ela fosse do meu sangue, como se ela fosse minha irmã, aliás, eu talvez lhe tenha dito isso algumas vezes. Não, a Maria Eduarda não morreu. Conhecemos-nos no décimo ano. Eu gostei da maneira dela ser mal a vi, o nariz empinado, as expressões faciais tão claras quanto as minhas, o riso ridículo dela e quando eu gosto de uma pessoa à primeira impressão raramente me engano, a Maria Eduarda não era para ser uma das excepções, que na verdade não foi durante alguns anos. Nunca fomos muito próximas durante o tempo em que ela andou na escola, mas sem explicação quando ela saiu da escola para ir viver para o meu país de sonho, a nossa relação melhorou muito. Chegou a um ponto que eu via a Maria Eduarda todos os

Isabel Faria, 22 anos, Santo Tirso Auto-biografias nunca foram o meu ponto forte. Gosto de falar sobre mim com pessoas que conheço, pessoas que me transmitam confiança, com os meus amigos mas em textos faz-me um bocado de confusão, devo admitir. A minha vida certamente daria um filme dos bons, no entanto, o livro soa-me mais dramático, adoro bons dramas, por isso de vez em quando até dou por mim a rir-me com alguns na minha vida. Desde pequena que sempre gostei muito de escrever, aliás na escola primária tive uma professora que disse à minha Mãe numa reunião de final de período (de outra forma a minha Mãe não seria chamada à escola, nunca tive problemas com mau comportamento ou aprendizagem, coisa que certamente deixará muitas pessoas que me conhecem surpreendias, afinal as aparências iludem) que eu era uma criança com uma imaginação muito fértil para a idade, que escrevia muito bem e que teria futuro, só teria que me dedicar. Na altura a minha Mãe deve ter ficado muito

Não queria ter mudado nada nele. Tinha cheiro a Primavera, a árvores despidas, pétalas acabadas de cair dos ramos, tinha cheiro a conforto mas também a confronto, com quem não sabia mas rápido descobri que era um confronto comigo mesma, como se fosse um espelho, um prisma, todas as minhas acções tinham um reflexo nele que de alguma maneira voltavam para mim, como Karma mas diferente.  Era simples lidar com ele, embora ele dissesse que não, de uma certa forma, para mim, sempre foi fácil lidar com ele. Todas as estações do ano juntas não conseguem explicar como a cabeça dele funcionava. Ele era ansiedade, era cansaço, era filosofia dispersa, era dor, era tranquilidade na voz, desassossego no trimelicar da perna, era fogo no respirar, uma morte por afogamento em sentimentos, era calor e frio, ao mesmo tempo, era tudo o que corria nas veias dele. Tudo bem, sempre gostei de tempestades mesmo quando estava debaixo delas, porque a chuva molha, faz-nos sentir desconfortáveis dentro da noss

Não era meu hábito parar naquele café, não era aquele o meu grupo de amigos, aliás, até era um pouco fora de mão parar ali, eu só tinha carta á uns meses mas como sempre gostei de conduzir nem me importava.  Aquele era o grupo de amigos da Filipa, uma amiga que a cada dia que passava se revelava mais e mais, aquele era o café em que eles paravam, eu fui por arrasto, acabei por ir porque sabia que precisava de mudar de ares, porque precisava de mudar de hábitos e conhecer gente nova, é porque não?!  Eu não procurava nada, não procurava amigos novos, nem procurava conforto, eu estava simplesmente a explorar a minha liberdade já que era exactamente assim que eu me sentia ... livre, por fim. Livre de sentimentos, livre de rotinas, livre de pessoas tóxicas, livre de decisões e escolhas ainda mais tóxicas, sei que naquele dia me sentia mesmo livre.  Quando entrei por aquela porta olhei ao redor, lembro-me de ter pensado que realmente os amigos da Filipa eram portadores de quali